Exposição dos nossos brinquedos

Algumas imagens da socialização dos nossos trabalhos.

Nossos brinquedos construídos a partir do livro “Barangandão Arco-Íris”, de Adelsin.

Este slideshow necessita de JavaScript.

– Futebol de pregos

– Paraquedas de plástico

– Aviões de papel

– Chapéu e Espadinhas de jornal

– Bolinhas de sabão

– Carrinho de latas

– Barangandão Arco-íris

– Piriquito Baiano

Memória

Estávamos vendo nosso painel da exposição que fizemos dos brinquedos que construímos a partir do livro Barangandão Arco-Íris, com fotos da gente fazendo e brincando, desenhos e os brinquedos. Mostro para o Jopê uma foto de Gu, que se mudou para longe e saiu da turma do início de agosto.

– Olha, aqui tem o Gu na foto.

– Graças a Deus você tirou foto dele. Assim a gente mata a saudade dele.

Vou ser professora!

Anavi tem me repetido isso todos os dias. “Quero ser professora. Quero ser professora.” E me imita ao sentar na roda e é só eu dar uma pausa no que estou falando que ela continua, com todos os (meus) trejeitos de professora. Tenho achado isso engraçado. E emocionante também.

Ontem, estávamos brincando de Bichos. Fazia tempo que não brincávamos disso. Achei um pandeirinho no armário e peguei para tocar enquanto cantávamos. Ela sentou do meu lado e me pediu para tocar. Eu falei:

– Ah! Só tem um, vai lá brincar. Aproveita para brincar com a turma.

Ela foi meio contrariada. Continuou brincando. Depois eu me toquei. Ela não queria brincar de imitar os bichos. Ela queria brincar de imitar a professora. Então eu puxei uma cadeirinha do meu lado e perguntei se ela queria cantar junto comigo. Ela veio correndo. Sentou. Dei o pandeirinho pra ela e continuamos a brincadeira. Com duas professoras!

Brincando de ateliê

Estávamos no parque. Cada grupinho vai organizando sua brincadeira: casinha, futebol ou vai explorando os brinquedos como o balanço, escorregador, livremente. Eu fico circulando, ora intervindo, ora observando…

Sentei na mureta e vi a Jhe brincando com uma palhinha, que parecia ter se soltado daquelas vassouras de palha. Ela desenhava na areia com a palha. Cheguei mais perto e falei:

– Sabia que antigamente não tinha caneta, canetinha, lápis, giz de cera e as pessoas escreviam com uma pena? Assim ó – e peguei o baldinho que tava do lado, já com um pouco de areia. – Faz de conta que essa areia era a tinta. Eles pegavam a pena de um passarinho, molhava na tinta e passava no papel e ia molhando e passando, molhando e passando… Até conseguirem escrever tudo.

Chegou o Jopê perto. Ouviu parte da conversa. Jhe viu que ele olhava curioso e repetiu toda a história para ele. E repetia:

– Não tinha caneta, nenhuma caneta!

Aí eu falei:

– Um dia a gente pode fazer isso na nossa sala…

Ela deu um sorriso e falou pra mim:

– Vamos brincar de ateliê?

Eu não me continha de felicidade, mas aguentei firme!

– Como seria?

– Assim: eu sou a professora, você é a Alice.

E deu a “pena” para mim e falou para eu fazer um desenho de uma princesa. Fiz. Olhou para o desenho, olhou para mim e continuou:

– Não, não, não, essa perna não tá muito boa. Faz de novo!

Apaguei, fiz de novo.

– Agora, sim!

“Quem soltou o Pum?”

Levei este livro para a roda e disse que iria contar a história, mas que primeiro só iriam ouvi-la, sem ver as imagens. Era para imaginar as cenas do que eu iria contar. Só de ler o nome do livro, risadas gerais!!! E a cada página, mais e mais risadas, algumas contidas, algumas escrachadas! Quando terminou a história, disse que agora iria mostrar o Pum. Espanto geral. Como assim eu iria mostrar o Pum, ali na frente de todos? E comecei.
A expressão era de inconformação: como assim era um cachorro? Ah… o cachorro chamava Pum!

 

Então me abraça forte… – e o poder da música

Cagab sempre chega feliz, agitado, pulando, agarrando os colegas, vai ao banheiro, bebe água, não pára um minuto.

Nesta semana, na segunda, chegou contando que os pais haviam brigado. A mãe brigou com o pai porque ele ficou muito no bar. Contou que depois se acertaram.

Na quinta, chega quieto. Pendura a mochila e vira uma estátua no meio da sala, olhando o além, com os olhos cheios de lágrimas.

Chego, converso, brinco, chamo para o lanche. Ele vai… aquele olhar inconformado continua…

Quando chega no refeitório, não quer entrar na fila, senta no banco do lado. E ali, quietinho, deixa as lágrimas rolarem. E chora, as lágrimas escorrem, mas é um choro quieto, contido.

Sentei ao lado dele, perguntei o que estava acontecendo. Ele só dizia que queria a mãe dele. Expliquei tudo o que se tem pra explicar sobre as mães e a escola. E ele só dizia que queria a mãe dele, como um mantra. Era um choro tão triste, tão sofrido, que eu tive que me segurar pra não chorar junto. Será que devia ter chorado? Não sei. Continuei sentada ao lado dele, perguntei se podia abraçá-lo, depois se podia pegá-lo no colo. E ficamos ali, abraçados um tempinho. Ele foi parando de chorar. Mas continuava olhando para o nada.

Quando voltamos pra sala, peguei o rádio e fui pra roda. Falei para a turma que ele estava triste e que iríamos ouvir umas músicas para alegrá-lo. E fomos ouvindo as nossas preferidas: A casa, O pato, Sítio do Picapau Amarelo. Depois ouvimos umas novas, como Bicharia dos Saltimbancos, A Cuca te pega. A tristeza foi passando. Aos poucos ele foi se soltando. Quando percebi ele estava no meio da roda rodopiando, como sempre faz. Terminamos nossa sessão musical e ele estava feliz de novo.

E fiquei sem saber o que havia acontecido.

 

“Isso é ateliê?”

Jopê desde o início do ano tem crises com os ateliês, ora adora, ora não quer nem falar o nome… Ainda não entendi muito o porquê.

Ontem estávamos relembrando os brinquedos que construímos a partir do livro Barangandão Arco-Iris, foram falando, marquei na lousa. Combinamos de fazer um desenho dos brinquedos para colocar na exposição que faremos na semana que vem para todos da creche e convidados. Cada um escolheu qual queria desenhar e fomos para as mesas. Jopê escolheu o futebol de pregos (um pouco óbvio!) e foi para a mesa desenhar. Organizei uma mesa com anilinas aguadas para os que queriam colorir com tinta. Ele terminou o desenho com o giz e foi para a mesa. Quando estava quase terminando de pintar, me perguntou:

– Isso é ateliê?

– É.

– Esse, sim, eu gostei. – respondeu de imediato.

Faltou eu perguntar porquê, né?

Funções da escrita

Jogá senta-se perto de mim na roda quase sempre… E ultimamente tem observado o Livro da Vida atentamente (tenho cumprido minha meta de início de ano e trabalhado com o livro da vida todos os dias, levado pra roda, fazendo com que seja um instrumento de registro do grupo).

Outro dia me perguntou o que eu estava escrevendo ali. Contei que era sobre o trabalho que tínhamos feito.

Ontem, se sentou bem ao meu lado e foi perguntando o que estava escrito. Era o texto que havíamos escrito sobre a cena do filme do Sítio do Picapau Amarelo. E perguntou o que era aquilo que eu escrevia todo dia primeiro de tudo. Era a data. Isso tudo enquanto nos organizávamos pra começar a roda.

Aí quando começou a roda de fato, fizemos a nossa rotina do dia, como sempre e vimos que era nosso dia de brincar na piscina de bolinhas. E falei que precisava ler algo que havia deixado registrado no Livro da Vida na semana passada.

(Terça-feira, segundo rodízio com todas as turmas da creche é o nosso dia de usar a piscina de bolinhas. Estamos nos organizando em ateliês nesse dia e a piscina entra como mais um ateliê. Combinamos de ser ateliês de jogos na sala e, em pequenos grupos, todos vão na piscina de bolinhas um tempo.)

Na semana passada, o Jogá foi duas vezes na piscina, na vez dele e no final novamente (saindo escondido da sala), enquanto todos foram uma vez, como o combinado. Conversamos sobre isso na nossa roda de avaliação do dia, todos acharam isso muito injusto e combinamos que, como havia ido duas vezes naquele dia, não iria na semana que vem, pois contaria como sua vez daquela semana. E anotei isso no Livro da Vida.